domingo, 26 de outubro de 2014

A TRAJETÓRIA DE AÉCIO NEVES: BERÇO POLÍTICO À CAMPANHA PRESIDENCIAL


O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves
Uma qualidade unânime sobre Aécio Neves é sua capacidade de conciliar. O diálogo com os adversários foi uma arte que Aécio aprendeu em casa. Durante a ditadura, seu pai Aécio Cunha e seu avô materno Tancredo Neves eram deputados, respectivamente, por Arena e MDB.
Nascido em Belo Horizonte, em 10 de março de 1960, Aécio viveu a primeira infância na Savassi, bairro nobre da capital mineira. Sua casa vivia cheia de crianças que moravam na mesma rua. Jogar futebol era a sua diversão favorita. De seu pai, morto em 2010, Aécio herdou o fanatismo pelo Cruzeiro.
Com a mudança para o Rio, em 1970, Aécio foi morar em Ipanema, no mesmo apartamento em que vive hoje com a mulher Letícia Weber e seus dois filhos bebês. Aécio gostou tanto da cidade que não deixou mais de frequentá-la.
A entrada de Aécio na política se deu pelas mãos do avô. Em 1981, Tancredo preparava sua campanha para o governo de Minas no ano seguinte e convidou. Em 1982, Aécio foi morar com o pai, que havia acabado de se separar de sua mãe e retornado para Minas. Inês Maria casou-se novamente com Gilberto Faria, dono do antigo Banco Bandeirantes, com quem Aécio sempre manteve boa relação...
Ao lado de Tancredo, Aécio participou da campanha vitoriosa ao governo de Minas. Em seguida, tornou-se espectador privilegiado do processo de redemocratização do país, que teve em Tancredo um de seus artífices. Aécio se tornou conhecido no meio artístico e político e se aproximou de várias celebridades.
Semanas após a alegria com a eleição do avô para Presidência da República no Colégio Eleitoral, em 1985, veio a internação de Tancredo no Hospital de Base de Brasília, um dia antes de tomar posse. Os dias seguintes foram dramáticos para todo o país. Aécio conversava com jornalistas, políticos, médicos e o avô. Nos quarenta dias entre a internação de Tancredo e sua morte, em 21 de abril, Aécio foi um dos coadjuvantes mais atuantes da vida pública nacional.
Após a posse de José Sarney, vice de Tancredo, Aécio foi nomeado diretor da Caixa Econômica Federal, cargo que ocupou por pouco tempo.
Em 1986, Aécio foi eleito deputado federal pelo PMDB com 236 mil votos, um recorde na época. Como deputado constituinte, foi um dos autores da emenda que instituiu o direito de voto aos 16 anos. Após se reeleger deputado em 1990, Aécio decidiu participar de sua primeira eleição majoritária. Disputou a prefeitura de Belo Horizonte em 1992. Não chegou sequer ao segundo turno.
Aécio passou quase toda a década de 1990 casado com Andrea Falcão, mãe de sua filha Gabriela, de 23 anos. Aécio mantém relação de amizade com Andrea. Como governador de Minas, ensaiou com ela uma reaproximação que não vingou. Em 1999, pouco depois de sua separação, conheceu aquele que hoje é um de seus maiores amigos, o empresário Alexandre Accioly, e se tornou frequentador assíduo de festas no Rio de Janeiro. Foi nesse período que Aécio ganhou fama de sedutor e boêmio. A ex-miss Brasil Natália Guimarães e a atriz Ana Paula Arósio entraram na lista de conquistas amorosas de Aécio na qual também consta um sem número de modelos.
Para a fazenda de Cláudio (MG), que se tornou celebre nessas eleições por causa do aeroporto construído pelo governo mineiro na antiga propriedade um tio-avô, Aécio vai sempre que pode com os amigos e os primos de Minas. Lá, ele exercita um de seus principais hobbies: cantar.
Em 1997, Aécio assumiu a liderança do PSDB na Câmara, durante o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 2001, já no segundo governo FHC, Aécio deu um salto político ao se eleger para a presidência da Câmara dos Deputados - uma vitrine que deu lhe grande exposição pública. Durante a presidência de Aécio, a Câmara aprovou medidas para dar maior transparência às atividades legislativas, como a criação do Conselho de Ética. Aécio também presidiu as votações do fim da imunidade parlamentar para crimes comuns e de um projeto que alterava a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e estabelecia a prevalência do acordo coletivo sobre a legislação trabalhista, que foi arquivado pelo Governo Lula. Em 2002, foi eleito o político mais influente do Congresso.
No meio de 2002, a convite do então governador Itamar Franco, Aécio lançou-se candidato ao governo de Minas e sagrou-se como o primeiro governador a se eleger no primeiro turno. Com o estado em situação de penúria financeira, Aécio implantou o choque de gestão, que teve como principal articulador o senador eleitor Antonio Anastasia (PSDB-MG).O estado ostenta a liderança do ranking do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) no Ensino Fundamental.
O choque de gestão de Aécio está longe de ser uma unanimidade em Minas Gerais. Um dos principais críticos do governo Aécio é o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG). “Algumas das principais características dele são a falta de investimento em infraestrutura e o pouco investimento na área social”, diz.
Em 2006, Aécio foi reeleito governador com mais de 77% dos votos válidos. Pouco depois, conheceu sua atual mulher: a ex-modelo Letícia Weber. Após algumas idas e vindas na relação, eles se casaram no fim do ano passado em uma cerimônia para poucos amigos e familiares. Letícia logo engravidou. Os gêmeos Bernardo e Julia nasceram em junho deste ano.
Em 2010, Aécio deixou o cargo de governador para se lançar ao Senado. Seu índice de aprovação ultrapassava 80%. Saiu daquelas eleições como um grande vencedor. Além de eleger Anastasia no primeiro turno para o governo de Minas, teve uma votação histórica para o Senado e ainda ajudou a levar Itamar Franco, que também compunha sua chapa, na segunda vaga, para Brasília.
Aécio chegou a 2014 como o candidato incontestável do partido à Presidência. Na reta final do primeiro turno, Aécio subiu como um foguete. Sustentado pela maior estrutura do PSDB e por um ótimo desempenho no debate final na TV Globo, Aécio chegou ao segundo turno com mais de 33% dos votos.

Fonte: Revista Época. Por LEOPOLDO MATEUS. Foto: André Penner/AP
Via / Blog do Edson Sombra

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